Brasil se abstém em votação da ONU sobre investigação de direitos humanos na Venezuela

Brasil se abstém em votação da ONU sobre Venezuela

Na última sexta-feira (11), o Brasil decidiu se abster durante a votação do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que aprovou a renovação da missão de investigação sobre violações de direitos humanos na Venezuela. A resolução, por sua vez, foi aprovada com 23 votos favoráveis, seis contrários e 18 abstenções. A decisão do Brasil de não votar, portanto, reflete uma postura cautelosa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao regime de Nicolás Maduro, uma questão que envolve delicadas relações diplomáticas.

Justificativa da abstenção brasileira

O embaixador brasileiro, Tovar da Silva Nunes, explicou a abstenção do Brasil, alegando que o texto da resolução era “tendencioso e desequilibrado”. Segundo ele, uma condenação direta ao governo venezuelano não contribuiria para a solução dos problemas no país e, além disso, poderia dificultar o diálogo entre as partes envolvidas. Apesar de se abster, o Brasil reafirmou seu apoio à continuidade da missão de investigação, deixando claro que se preocupa com a situação de direitos humanos na Venezuela, mas prefere uma abordagem mais diplomática.

Reações e críticas à postura brasileira

Contudo, a decisão de se abster provocou reações negativas de organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch, por exemplo, lamentou a postura adotada pelo Brasil, especialmente considerando que o país colaborou com partes do texto final da resolução. César Muñoz, diretor da ONG no Brasil, destacou que, ao se abster, o Brasil enfraquece a pressão internacional sobre o regime de Maduro, que continua controlando as principais instituições venezuelanas. Assim, para muitos críticos, a abstenção brasileira parece sinalizar uma falta de firmeza em um momento crucial.

A crise na Venezuela se intensifica

Desde as eleições de julho de 2024, Nicolás Maduro venceu, o que agravou a crise política e social na Venezuela. A oposição acusou o governo de fraude, provocando uma repressão mais severa. A ONG Foro Penal registrou a prisão de mais de 1.900 pessoas por motivos políticos, aumentando o temor de um novo êxodo de venezuelanos, especialmente para os países da América Latina.

A abstenção do Brasil na votação, por fim, reflete uma estratégia diplomática voltada para evitar confrontos diretos e favorecer o diálogo. No entanto, essa postura gera controvérsias, especialmente diante da crescente pressão internacional por responsabilizar o governo venezuelano pelas violações de direitos humanos. Dessa forma, a decisão brasileira continua no centro dos debates sobre a melhor abordagem para enfrentar a crise na Venezuela.

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