Congresso enche os cofres: crescimento das emendas impacta o orçamento público

Lula durante cerimônia de posse, em Brasília, neste domingo (1º)

Nos últimos nove anos, deputados e senadores ampliaram significativamente o controle sobre os recursos públicos por meio de emendas parlamentares. Em 2015, o valor destinado às emendas era de R$ 3,4 bilhões. Entretanto, em 2024, esse montante subiu para R$ 37,8 bilhões. Ao todo, os parlamentares direcionaram o destino de R$ 213 bilhões, um aumento de 11 vezes desde que a Constituição ou a obrigar o pagamento dessas emendas.

Parlamentares controlam 20% do orçamento público

Atualmente, os parlamentares controlam mais de 20% do orçamento público voltado para investimentos. Assim, de cada R$ 4 investidos pelo governo federal, R$ 1 vai diretamente para as emendas parlamentares. Com isso, o governo enfrenta dificuldades para alocar recursos em áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura. Consequentemente, o equilíbrio das contas públicas se torna um desafio ainda maior.

Diferenças com países desenvolvidos

Quando comparamos o Brasil com países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), vemos que o controle dos parlamentares sobre o orçamento é consideravelmente menor nesses países. Nos Estados Unidos, por exemplo, os congressistas controlam apenas 2% dos recursos livres. Dessa forma, fica claro como o sistema brasileiro de emendas é atípico em relação a outras economias desenvolvidas.

Desafios de transparência com as emendas PIX

Embora as emendas parlamentares ajudem a distribuir recursos para diversas regiões do país, elas também apresentam desafios em termos de transparência. Desde 2019, os parlamentares podem enviar recursos a municípios sem a necessidade de especificar como esses recursos serão utilizados, por meio das chamadas “emendas PIX”. Isso, por sua vez, dificulta a fiscalização, gerando preocupações sobre o uso adequado do dinheiro público.

Acordo entre os Três Poderes para maior controle

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender parte do pagamento das emendas, os Três Poderes chegaram a um acordo para melhorar a transparência. Agora, os parlamentares precisam informar antecipadamente como os recursos serão utilizados. Dessa forma, espera-se um aumento no controle e na fiscalização.

Portanto, o crescimento das emendas parlamentares continua a gerar debates sobre o impacto no orçamento público, além da necessidade de maior transparência e responsabilidade no uso desses recursos.

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