O dólar registrou nesta terça-feira (4/2) uma queda de 0,81%, encerrando o dia cotado a R$ 5,77. Com isso, a moeda norte-americana acumulou o 12º recuo consecutivo, a maior sequência de baixas em 20 anos. Desde 19 de novembro de 2024, o dólar não atingia uma cotação tão baixa. Esse movimento, por sua vez, resultou de uma combinação de fatores externos e internos, que influenciaram o mercado financeiro global e, consequentemente, o brasileiro.
Alívio nas tensões comerciais impulsiona o mercado
Um dos principais motivos para a queda do dólar foi a redução das tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos. O presidente Donald Trump recuou parcialmente nas ameaças de tarifas sobre produtos vindos do Canadá, México e China. Enquanto isso, ele decidiu adiar por um mês a aplicação das taxas sobre importações canadenses e mexicanas. Além disso, Trump anunciou que pretende dialogar com o presidente chinês, Xi Jinping, o que pode resultar em uma solução negociada.
Essa mudança de postura contribuiu para um otimismo moderado no mercado. Por exemplo, analistas enxergaram essa estratégia como uma forma de barganha política. Trump já garantiu concessões importantes: o México enviará 10 mil integrantes da Guarda Nacional para a fronteira com os EUA, a fim de conter o tráfico de drogas. O Canadá, por sua vez, anunciou um investimento de US$ 1,3 bilhão em segurança na divisa entre os dois países.
Conforme explicou Emerson Vieira Junior, analista da Convexa Investimentos, o mercado agora acredita que o comércio global poderá enfrentar menos instabilidade do que se previa inicialmente. Isso se refletiu rapidamente na valorização do real frente ao dólar.
Mercado de trabalho nos EUA reforça expectativas sobre juros
Outro fator que impulsionou o real foi o desempenho mais fraco do mercado de trabalho dos EUA. O relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (JOLTS) indicou que, em dezembro, a economia americana criou 7,6 milhões de vagas de emprego, enquanto analistas projetavam 8 milhões. Em comparação com novembro, quando o número chegou a 8,2 milhões, o resultado evidencia uma desaceleração na criação de postos de trabalho.
Esse cenário, por sua vez, elevou as chances de o Federal Reserve optar por não subir as taxas de juros nos próximos meses ou até mesmo reduzi-las. Taxas de juros mais baixas tornam o dólar menos atrativo para investidores, o que, portanto, beneficia economias emergentes, como a brasileira.
Bolsa de valores fecha em queda apesar do otimismo
Embora o mercado tenha mostrado sinais de otimismo com o câmbio, a Bolsa de Valores brasileira (B3) fechou em queda. O índice Ibovespa recuou 0,65%, encerrando o pregão a 125.147 pontos. Contribuindo para esse desempenho, as ações de grandes empresas como Petrobras e Vale registraram quedas de 1,43% e 0,26%, respectivamente.
Analistas apontam que o desempenho do mercado financeiro seguirá volátil nas próximas semanas. Por um lado, a manutenção das negociações comerciais entre EUA e seus principais parceiros pode continuar impulsionando o real. Por outro lado, novos dados econômicos norte-americanos ou possíveis mudanças na política monetária internacional poderão influenciar essa trajetória.
Perguntas frequentes
O dólar tem recuado devido a dois fatores principais. O primeiro envolve a redução das tensões comerciais entre os Estados Unidos e países como Canadá, México e China. O presidente Donald Trump, após ameaçar tarifas, suavizou o tom e adiou algumas medidas, o que trouxe alívio ao mercado.
A valorização do real pode ter efeitos tanto positivos quanto negativos. Para o consumidor, o impacto costuma ser benéfico, já que produtos importados, viagens internacionais e insumos estrangeiros ficam mais baratos. Por outro lado, setores exportadores, como o agronegócio, podem enfrentar desafios, já que seus produtos se tornam menos competitivos no exterior.
O dólar pode voltar a subir se as tensões comerciais entre os EUA e outras nações se intensificarem novamente ou se o Federal Reserve indicar um aumento nas taxas de juros.