Empresa de Franca reduz jornada semanal de trabalho para 4 dias e estabelece folga às quartas

Com a justificativa de aumentar a produtividade dos funcionários, uma empresa de tecnologia em Franca (SP) decidiu reduzir, sem corte nos salários, a jornada semanal de trabalho de cinco para quatro dias.

Desde março, ainda em período de testes, as cerca de 40 pessoas que trabalham no grupo, além do fim de semana, folgam às quartas-feiras.

O maior objetivo de ter essa folga na semana é proporcionar momentos de cultura, de lazer, de conexão com a família, conexão pessoal, e fazer as pessoas ficarem mais revigoradas para trabalhar melhor nos outros dias que elas precisam trabalhar“, explicou o diretor Leandro Pires.

Além de manter a remuneração original, a empresa incentiva o descanso no meio da semana com um vale de R$ 400 para usar em aplicativos de música, filmes, livrarias, cinemas, teatros e shows.

Empresa de Franca (SP) adota jornada reduzida de cinco para quatro dias — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV
Empresa de Franca (SP) adota jornada reduzida de cinco para quatro dias — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV

 

Eu achei [a iniciativa] muito boa. Nesse tempo que eu tenho, eu consigo resolver alguns problemas e também curtir. Com isso eu fico muito feliz e consigo programar melhor. Por enquanto, por exemplo, eu estou fazendo aula de bateria, também estou eando um pouco mais, tem sido bastante legal”, contou o programador Gustavo da Silva Gomes.

Jornada reduzida

A jornada reduzida já é uma realidade em outros países, mas, no Brasil, a NovaHaus, que desenvolve sites e programas comerciais para computador em Franca, é uma das primeiras.

Segundo o advogado especialista em direitos trabalhistas Renato Barufi, normalmente o que se tem percebido é que as empresas voltadas para a área tecnológica são as que têm iniciado esse movimento, mas não é algo fácil de ser implementado.

“[…] Nós brasileiros, e o mundo inteiro, já estamos acostumados com a jornada de cinco dias, mas me parece que pode ser uma tendência nos próximos anos. Nós temos outros países, como Japão, Inglaterra e Estado Unidos, que já têm pesquisas avançadas nesse setor, entendendo que quando eu diminuo a carga horária do empregado, ele tende a trabalhar mais focado e ser mais produtivo“, diz.

Larissa Hamuy é animadora 2D há 11 anos na empresa de Franca (SP) e conta que está adorando a jornada reduzida — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV
Larissa Hamuy conta que está adorando a jornada reduzida — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV
Salário mantido

As novidades não impactam na remuneração dos colaboradores. Segundo o especialista Barufi, a alteração é possível, desde que o empregado receba como se estivesse trabalhando os cinco dias semanalmente.

A lei trabalhista coloca um limite máximo de jornada, que é oito horas diárias e 44 horas semanais. Então, se o empregado está recebendo um salário como se trabalhasse oito e 44, mas trabalhando menos, isso é benéfico para o empregado, e tudo que é benéfico para o empregado a lei brasileira vai permitir”, explica.

Barufi ressalta que, uma vez feita a mudança na jornada, a empresa não pode mais voltar atrás. A exceção é se o empregado for contratado por horas de trabalho ou em regime de tempo parcial, ou seja, em que ele trabalha no máximo 30 horas por semana.

“Se o patrão instituiu essa jornada de apenas quatro dias de trabalho na semana, aqueles empregados que lá estão trabalhando não podem voltar a trabalhar mais de quatro dias e manter o mesmo salário. Se [o patrão] quiser que eles voltem a trabalhar cinco dias, ele precisa aumentar o salário.

Lei trabalhista permite jornada reduzida, igual a de empresa de Franca (SP), desde que salários sejam mantidos — Foto: Ronaldo Gomes/EPTV
Foto: Ronaldo Gomes/EPTV

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Via g1

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