Recentemente, um evento público na Bélgica surpreendeu moradores e internautas. Um grupo de pessoas, vestidas com focinheiras, máscaras e coleiras, se reuniu em uma praça para agir como cães. Eles latiram, uivaram e andaram de quatro, chamando atenção não apenas dos curiosos presentes, mas também das redes sociais, onde os vídeos se espalharam rapidamente. Como resultado, o caso reacendeu discussões sobre identidade, liberdade de expressão e os limites da autodefinição.
Therians: quando a identidade humana encontra o instinto animal
Por trás das máscaras está a comunidade “therian”. Diferentemente dos conhecidos “furries” — que usam fantasias por arte ou diversão — os therians afirmam sentir, de maneira sincera e profunda, uma ligação espiritual ou emocional com animais. Para eles, latir ou se comportar como um cão vai além da encenação: expressa uma identidade real. Além disso, muitos relatam que essa vivência os ajuda a lidar com sentimentos de inadequação ou a encontrar um senso de pertencimento.
O que dizem os especialistas?
Do ponto de vista psicológico e sociológico, o fenômeno exige uma análise cuidadosa. Por um lado, há quem veja o comportamento como uma forma legítima de expressão individual em tempos de identidades plurais. Por outro, alguns especialistas enxergam um possível reflexo de isolamento, traumas ados ou crises existenciais. Ainda assim, é importante destacar que não há, até o momento, consenso acadêmico que classifique os therians como portadores de qualquer transtorno mental.
Berlim latiu mais alto: mil pessoas protestaram em 2023
Além da Bélgica, outras cidades europeias também registraram eventos parecidos. Em Berlim, por exemplo, cerca de mil pessoas se reuniram em 2023 para reivindicar respeito à sua identidade como “humanos-cães”. O protesto causou polêmica. Enquanto alguns defenderam a liberdade de ser quem se é, outros questionaram os limites do reconhecimento social. Dessa forma, o movimento avança, mesmo que lentamente, provocando novas reflexões sobre o que significa ser humano no século 21.
Perguntas frequentes
Não necessariamente. A maioria vive de forma funcional.
Não. Furries interpretam; therians se identificam.
Sim, desde que não infrinja regras de segurança e convivência.