A Polícia Civil de Mato Grosso prendeu nesta quinta-feira (17) o advogado Pauly Ramiro Ferrari Dorado, de 45 anos, suspeito de integrar e operar diretamente para uma facção criminosa. Os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, autorizados pela Vara Única de Apiacás.
A investigação identificou Dorado como assessor jurídico da facção e operador de várias ações criminosas. Ele vendia armas, monitorava rivais, resgatava drogas escondidas antes de operações policiais e intermediava a devolução de veículos roubados mediante pagamento das vítimas.
Advogado agia como elo entre presos e criminosos externos
A polícia mapeou o papel estratégico de Dorado dentro da organização. Ele usava as prerrogativas da advocacia para consultar antecedentes criminais, a pedido da facção, com o objetivo de identificar possíveis rivais. Quando a polícia apertava o cerco, ele alertava outros criminosos sobre a localização de drogas escondidas, impedindo a apreensão dos entorpecentes.
Dorado também coordenava a devolução de veículos furtados pela própria facção, cobrando das vítimas para “recuperar” os bens. Os investigadores afirmam que ele mantinha contato direto com detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE) e do Presídio Ana Maria do Couto, operando como intermediário entre os presos e os comparsas em liberdade.
Polícia registra histórico de ilegalidades e abusos
Os policiais já haviam flagrado Dorado em fevereiro deste ano, quando ele tentou entrar na PCE com 1,2 kg de cigarros escondidos no paletó. Em junho de 2023, ele ameaçou um promotor de Justiça durante uma sessão do Tribunal do Júri em Lucas do Rio Verde. Em outra situação, ele arquitetou a gravidez de uma detenta para tentar garantir prisão domiciliar – estratégia que a Justiça rejeitou. A detenta deu à luz na penitenciária.
“Patrono do Crime”: nome da operação denuncia distorção do papel do advogado
A Polícia Civil batizou a ação de Operação Patrono do Crime, em referência à distorção da função jurídica que o investigado exercia. Em vez de defender a lei, Dorado facilitava e protegia as ações da facção, violando os princípios éticos da advocacia. A operação integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, e faz parte da série de ações Inter Partes, que combatem a atuação das facções no estado.
Perguntas frequentes
Pauly Ramiro Ferrari Dorado, de 45 anos, atuava como operador de facção em Mato Grosso.
Ele vendia armas, escondia drogas e usava a profissão para beneficiar uma facção criminosa.
É uma crítica ao uso ilegal da advocacia para proteger e facilitar o crime organizado.