Rebaixamento dos EUA, dados chineses e tensão política global derrubam bolsas e acendem alerta econômico

O início da semana trouxe um cenário de aversão ao risco nos mercados financeiros globais, com quedas generalizadas nas principais bolsas. O gatilho mais significativo veio dos Estados Unidos: a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito soberana do país de AAA para AA1. O corte refletiu preocupações com o aumento persistente dos déficits fiscais e os desafios crescentes no refinanciamento da dívida pública, em meio a juros altos.

O impacto se espalhou rapidamente. Os índices futuros de Wall Street recuaram: Dow Jones caiu 0,79%, S&P 500 recuou 1,20% e Nasdaq despencou 1,59%. Esse movimento não apenas afeta o humor dos investidores americanos, mas também influencia negativamente os mercados globais, que se veem cada vez mais sensíveis às decisões de política fiscal e monetária dos EUA — especialmente diante da possibilidade de novas medidas tributárias de Donald Trump, que voltou a ocupar o centro do debate político.

China tenta estimular consumo, mas investidores seguem cautelosos

Na Ásia, os mercados também encerraram o dia em baixa, refletindo dados mistos da economia chinesa. A produção industrial cresceu 6,1% em abril, acima das expectativas, mas as vendas no varejo frustraram as projeções, avançando apenas 5,1%. Para tentar reverter a desaceleração do consumo, o governo chinês anunciou a emissão de 300 bilhões de yuans em títulos especiais para estimular o setor de bens duráveis.

A decisão do Banco Central da China sobre as taxas LPR, prevista para a noite desta segunda-feira, é aguardada com expectativa. Caso mantenha os juros nos níveis atuais, o governo sinaliza que pretende sustentar o consumo com liquidez prolongada, mesmo diante de tensões comerciais com os EUA.

Europa recua e observa reaproximação entre Reino Unido e União Europeia

Na Europa, as bolsas também recuaram. A STOXX 600 caiu 0,47%, o FTSE 100 recuou 0,48% e o CAC 40 da França perdeu 0,47%. A exceção negativa foi o FTSE MIB da Itália, que despencou 1,42%. As atenções se voltaram para o campo político, com a retomada de diálogo entre Reino Unido e União Europeia após anos de distanciamento provocados pelo Brexit.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deve receber líderes europeus para uma cúpula em Londres, em uma tentativa de renovar parcerias comerciais e reduzir as barreiras criadas nos últimos anos. Essa reaproximação pode ter impacto direto sobre os fluxos comerciais e sobre a recuperação econômica do bloco.

No Brasil, foco no IBC-Br e nas metas fiscais

Por aqui, o mercado monitora a divulgação do IBC-Br, que antecipa o PIB brasileiro, e as novas projeções macroeconômicas do Ministério da Fazenda. O relatório bimestral de receitas e despesas, previsto para quinta-feira, poderá indicar ajustes nos cortes orçamentários e reestimativas das metas fiscais, fatores cruciais para investidores diante do frágil equilíbrio das contas públicas.

Três perguntas que o mercado está fazendo agora

O rebaixamento dos EUA pode afetar o Brasil?

Sim. O movimento aumenta a aversão ao risco e pode elevar os juros nos mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Por que os dados da China influenciam tanto?

Porque a China é um dos maiores consumidores de commodities do mundo, e qualquer sinal de desaceleração afeta países exportadores como o Brasil.

A reaproximação entre Reino Unido e União Europeia pode mudar o cenário global?

Pode, especialmente se resultar em novos acordos comerciais que influenciem cadeias produtivas e políticas tarifárias.

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